Cactos – esculturas vivas no jardim

Uma das composições de espécies vegetais que mais aprecio é a de cactos. São plantas de aspecto incomum e surpreendente. Em grupo, mesclando tamanhos e formatos diferentes, os cactos – esculturas vivas no jardim – criam cenários belíssimos. Mas podem, também, ser o ponto focal de um jardim, atraindo olhares para sua aparência exótica.

O que são cactos

Mais que espinhos: a adaptação perfeita

Os cactos são mestres da sobrevivência. Suas características mais marcantes — os espinhos e o corpo suculento — são adaptações geniais para enfrentar ambientes áridos. Os espinhos não servem apenas como defesa contra predadores; eles também ajudam a reduzir a perda de água por transpiração e, em algumas espécies, até coletam orvalho! Já o corpo suculento funciona como um reservatório de água, permitindo que o cacto sobreviva por longos períodos sem chuva.

Cactos: esculturas vivas no jardim

cactos são plantas suculentas que pertencem à família Cactaceae

Como a maioria das plantas, os cactos possuem raiz, caule, folhas, flores e frutos.

Para que pudessem se adaptar a ambientes de longa estiagem, precisaram modificar as folhas em estruturas como os espinhos que, por apresentarem superfície reduzida, transpiram muito menos, perdendo, portanto, menos água.

Possuem caule fotossintético, processo pelo qual as plantas produzem seu próprio alimento usando luz solar, água e dióxido de carbono. Normalmente, o processo de fotossíntese acontece nas folhas, mas em algumas plantas, como cactos e suculentas, o caule assume essa função, especialmente quando as folhas são reduzidas ou modificadas.

Para reduzir a perda de água durante a fotossíntese os cactos recorrem ao CAM – Metabolismo Ácido das Crassuláceas – processo evolutivo que consiste em captar dióxido de carbono (CO2) durante a noite, período em que os estômatos (estruturas porosas) estão abertos. Durante o dia, quando os estômatos se fecham para evitar a perda de água, o CO2 é liberado e utilizado na fotossíntese.

Desenvolveram raízes longas que, posicionadas logo abaixo da superfície do solo, captam, rapidamente, qualquer umidade, orvalho ou chuva antes que a água escoe para camadas mais profundas da terra.

Para poupar energia muitas espécies de cactos eliminam parte de suas raízes na estiagem e quando o período de chuvas se inicia eles têm a capacidade de desenvolver novas raízes em pouco tempo.

Origem

Registros históricos mostram que os cactos já eram explorados comercialmente no período pré-colombiano (até 1521), pela civilização asteca, no México central.

Cactos – esculturas vivas

Deserto de Sonora – México

Eram utilizados para a alimentação de animais e humanos, como madeira para a confecção de mobiliário e na jardinagem.

Os cactos são nativos das Américas, com algumas espécies também encontradas na África e no Sri Lanka, mas foram introduzidos em muitos outros territórios.

No século XIX, naturalistas europeus descobriram os cactos durante suas viagens de estudos e começaram levá-los a seus países para estudá-los.

Nessa época, os grandes jardins botânicos do mundo buscavam espécies exóticas* para conhecê-las, estudá-las e colecioná-las.

*Aqui, exótica quer dizer, na nomenclatura botânica, originária de país estrangeiro.

Utilidades dos cactos

  • como alimento – os frutos e partes do caule que chamamos de raquetes. Os animais consomem in natura e os humanos podem preparar sopas e refogados. As raquetes das palmas podem ser apreciadas fritas.
  • como cercas vivas – para delimitar terrenos ou para privacidade
  • como restauradores do solo – além de ajudar a conter a erosão, com suas raízes fortes e muito longas, o mandacaru resiste à seca, por sua capacidade de reter um volume grande de água em suas células. Assim, esse cacto forrageiro continua a fornecer água e comida aos animais e às pessoas da região mesmo na estiagem.

Mas a beleza dos cactos vai muito além da sua funcionalidade. Suas formas variadas, que vão do esférico ao colunar, e suas flores deslumbrantes, que podem surgir em uma explosão de cores e tamanhos, os tornam verdadeiras obras de arte da natureza.

Cactos brasileiros

No Brasil, os cactos estão presentes nos biomas Caatinga (em maior número), Cerrado e Pampa. Somos um dos países com a maior variedade de cactos do mundo, perdendo apenas para o México em número de espécies

Existem, aproximadamente, 2.300 espécies de cactos, catalogados, no mundo. No Brasil, 270, sendo que 70% das espécies são nativas do Brasil.

Conheça algumas das estrelas espinhosas que adornam a nossa flora:

Mandacaru (Cereus jamacaru): Um ícone do sertão nordestino, o mandacaru é um cacto colunar imponente, que pode atingir vários metros de altura. Suas flores brancas e grandes se abrem à noite, atraindo polinizadores como morcegos. Seus frutos roxos são comestíveis e muito apreciados.

mandacaru

Xique-xique (Pilosocereus gounellei): Também típico da Caatinga, o xique-xique forma densos arbustos de caules ramificados cobertos por espinhos dourados. Seus frutos são igualmente comestíveis e representam uma importante fonte de alimento para a fauna local e para as comunidades.

xique-xique

Coroa-de-frade (Melocactus concinnus, Melocactus violaceus, entre outros): Facilmente reconhecíveis por sua forma esférica e pelo “chapéu” vermelho ou rosado no topo, chamado de cefálio, de onde brotam suas flores e frutos. Existem diversas espécies de Melocactus no Brasil, cada uma com suas particularidades, e são encontradas em diferentes biomas.

coroa-de-frade

Cacto-bola (Parodia warasii, Notocactus ottonis, entre outros): Muitas espécies de cactos globulares, pequenas e charmosas, pertencem aos gêneros Parodia e Notocactus. Eles são frequentemente cultivados em vasos devido ao seu tamanho compacto e à beleza de suas flores, que podem ser amarelas, laranjas ou vermelhas.

cacto-bola

Flor-de-maio (Schlumbergera truncata): Ao contrário dos cactos que associamos a ambientes secos, a flor-de-maio é um cacto epífita, ou seja, vive sobre outras plantas (geralmente árvores), sem parasitá-las. Nativa da Mata Atlântica, suas flores vibrantes em tons de rosa, vermelho e branco são um espetáculo à parte, especialmente no final do outono e inverno.

flor-de-maio

Além destas, o cacto-palma (Opuntia ficus-indica), apesar de ser uma espécie originária do México, foi introduzida no nordeste brasileiro e acabou sendo muito útil como planta forrageira por sua rusticidade, resistência à seca e alta capacidade de produção de massa. Seu uso principal é a alimentação animal, mas também pode ser consumida por humanos.

cacto-palma

A estrutura da palma-forrageira é composta por cladódios (caules achatados e ovais), suculentos e de cor verde-clara, que são cobertos por pequenos espinhos e, às vezes, por espinhos maiores.

As flores são, geralmente, amarelas ou alaranjadas, e os frutos – figo-da-índia – são ovais com polpa doce e suculenta, de cores variadas (verde, amarelo, laranja, roxo).

Preservação: um dever espinhoso

Apesar de sua resiliência, muitos cactos brasileiros estão ameaçados de extinção devido à destruição de seus habitats, coleta ilegal e mudanças climáticas. É fundamental que cada um de nós faça a sua parte para proteger essas joias da nossa biodiversidade.

Os cactos são muito mais do que plantas com espinhos; são testemunhas vivas da capacidade de adaptação da natureza e um lembrete da riqueza inestimável da nossa flora.

Referências Externas

https://www.ecycle.com.br/cactos

https://paisagismodigital.com/noticias/default.aspx?id=plantas-ornamentais:-cactos,-lindas-flores,-muitos-espinhos!-com-video&in=174#google_vignette

Leia mais: Cactos – esculturas vivas no jardim

https://paisagismodigital.com/noticias/?id=plantas-ornamentais:-cactos-do-brasil-%7C-paisagismo-digital&in=17

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