A kokedama é uma técnica milenar oriental, que transforma o torrão da planta em protagonista, envolvido por musgo e decorado com fibras naturais. Neste artigo, compartilho como utilizei essa técnica em um projeto de vitrine durante a Semana do Meio Ambiente e por que ela pode ser uma solução prática e encantadora para quem atua com paisagismo profissional.
Lista de conteúdos
O que é a kokedama
A palavra “kokedama” vem do japonês e significa, literalmente, “bola de musgo”. Trata-se de uma técnica totalmente natural que dispensa vasos e floreiras convencionais. Nela, o torrão da planta é envolvido com uma camada de musgo (esfagno) que, além de proteger as raízes, mantém a umidade do substrato. Finalizamos com o sisal, uma fibra vegetal biodegradável, que além de funcional, dá acabamento artesanal à peça.

A kokedama é uma alternativa sustentável e de baixo impacto ambiental. Ela não exige recipientes plásticos e pode ser acomodada em prateleiras, aparadores ou pendurada com fio de nylon, criando a sensação de um jardim flutuante.
Por que usar kokedamas em projetos paisagísticos
Versatilidade e estética
A kokedama se adapta a diferentes contextos: desde varandas, ambientes internos, halls de entrada até vitrines e recepção de hotéis e restaurantes. Pode ser exibida isoladamente, como ponto focal, ou em composição com outras, formando estruturas suspensas – os chamados mobiles verdes.
Além disso, quando usadas de forma estratégica, criam experiências sensoriais que combinam textura, movimento e luz.
Sustentabilidade em foco
O uso de terra, musgo e sisal valoriza materiais biodegradáveis e acessíveis, reforçando o compromisso com práticas sustentáveis – algo que o mercado atual, e especialmente os clientes conscientes, valorizam.
Num tempo em que a preocupação ambiental não é apenas tendência, mas necessidade, propor soluções como a kokedama demonstra conhecimento técnico e alinhamento ético com o momento que vivemos.

Caso real: kokedamas em vitrine de livraria
Fui convidada por uma livraria a decorar sua vitrine durante a Semana do Meio Ambiente. A proposta era criar um ambiente onde livros e natureza pudessem coexistir de maneira harmoniosa e inspiradora.
Planejamento e execução
Confecionei kokedamas de diferentes tamanhos e com variados tipos de folhagens. Comecei a montagem pelas maiores e, de forma intuitiva, fui dispondo as demais em alturas diversas, penduradas com fios de nylon, formando um grande mobile verde. A disposição aleatória evocava o movimento natural das florestas.
A iluminação foi pensada para valorizar cada peça individualmente, destacando as texturas e volumes das plantas, e criando uma atmosfera mágica que capturava o olhar dos transeuntes.
Resultado
A vitrine se transformou em um convite visual à contemplação e ao diálogo com o meio ambiente. A resposta do público foi imediata: clientes comentavam, fotografavam, se interessavam pelas plantas e queriam saber mais sobre a técnica.
Como fazer kokedama: passo a passo prático
Materiais necessários
- Planta de pequeno a médio porte (preferencialmente folhagem resistente)
- Musgo esfagno umedecido
- Substrato leve e aerado
- Terra vegetal (opcional)
- Sisal ou barbante natural
- Luvas e borrifador
Etapas
- Preparação da base: Misture o substrato com um pouco de terra vegetal, até formar uma massa úmida e moldável.
- Envolver o torrão: Modele a mistura em volta do torrão da planta, formando uma esfera compacta.
- Aplicação do musgo: Cubra toda a bola com o musgo úmido, apertando bem para garantir fixação.
- Amarração inicial com fio de pesca: Envolva a bola de musgo com o fio de pesca (nylon), cruzando em várias direções, para fixar o musgo
- Amarração final com sisal: Enrole o sisal em toda a esfera, cruzando em várias direções, para dar acabamento.
- Finalização: Pendure com fio de nylon ou acomode sobre um suporte ou prato de sua preferência.
Cuidados
A rega deve ser feita por imersão: mergulhe a kokedama em um balde com água por cerca de 5 minutos, até que fique encharcada. Atenção: apenas a bola será mergulhada. Depois, deixe escorrer antes de recolocá-la no local. A frequência varia conforme o clima, mas, em geral, 2 vezes por semana são suficientes.
Uma maneira de verificar se a kokedama precisa de água é introduzindo um palito de churrasco na bola, deixando ali por alguns minutos. Quando retirar o palito, se ele estiver úmido não há necessidade de água, se sair seco é hora de hidratar a kokedama.
Quando usar kokedamas em seus projetos
Essa técnica é especialmente eficaz quando:
- O cliente deseja uma solução estética e sustentável.
- O espaço é pequeno ou precisa de leveza visual.
- A proposta do projeto dialoga com valores de conexão com a natureza e artesanato.
Conclusão
Saber como fazer kokedama amplia o repertório de qualquer paisagista. Trata-se de uma técnica simples, de baixo custo e grande impacto visual, perfeita para projetos contemporâneos que valorizam sustentabilidade, sensorialidade e originalidade.
Além de agregar valor ao seu portfólio, a kokedama pode ser uma excelente porta de entrada para conversas com o cliente sobre outros elementos naturais no espaço. Mas pode, ainda, ser uma excelente fonte de renda.